Militar envolvido em 8/1 fala sobre 'ter que sair das 4 linhas': 'Vão continuar dominando'

TRAMA GOLPISTA



Terra

“A gente não sai das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair. Ou então eles vão continuar dominando a gente”, disse o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército (COTER), em áudio obtido pelas investigações da Polícia Federal sobre a trama golpista de 8 de janeiro. 

O Fantástico, da TV Globo, teve acesso exclusivo a áudios inéditos extraídos de celulares e computadores que foram apreendidos e tiveram o sigilo quebrado. No total, a PF apreendeu 1,2 mil equipamentos eletrônicos de envolvidos na tentativa de golpe de Estado.

Foram extraídas cerca de 255 milhões de mensagens de áudio e vídeo que resultaram na elaboração de 1.214 laudos feitos por peritos federais. A ação revelou as vozes em torno do golpe, como a de militares de alta patente que mantinham um canal direto com manifestantes.

“Eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida aí, né? E ir atravancando mesmo. Porque, pô, a massa humana chegando lá, não tem PM que segure”, disse o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida em outro momento.

“Vai atropelar a grade e vai invadir. Depois, não tira mais, né?”, também pontuou o militar em outro registro de áudio.

Além disso, ele também recebia áudios de envolvidos na movimentação política que endossavam a trama golpista: “O povo tá nas ruas, pedindo pra que haja uma outra eleição, de forma que possa ser cobrado de uma forma mais clara. P*, meu velho. Só quem tem quatro estrelas no ombro não tá vendo isso?”, disse um interlocutor não identificado em áudio enviado ao tenente-coronel Almeida. O Fantástico não obteve retorno da defesa do militar.

Almeida, conforme já noticiado pelo Terra, foi um dos alvos da Operação Tempus Veritas, deflagrada pela PF em fevereiro de 2024. Ele teria envolvimento no núcleo de desinformação e ataques ao Sistema Eleitoral. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele para se manifestar, mas o espaço segue aberto.

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