- Pela Redação
- 29/05/2023
g1
O dólar emplacou a 11ª queda consecutiva e fechou a sessão desta segunda-feira (3) a R$ 5,81, renovando o menor patamar desde novembro. O recuo da moeda norte-americana veio após os Estados Unidos e o México anunciarem um acordo para pausar as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
No final de semana, os EUA haviam decidido taxar seus três principais parceiros comerciais: China, Canadá e México. Trump impôs tarifas de 10% sobre os asiáticos e de 25% sobre importações do México e do Canadá. O acordo anunciado no início da tarde é válido apenas para o México, e os outros países seguem com as taxações. As medidas entram em vigor nesta terça-feira (4).
Essas tarifas eram uma das principais promessas de campanha de Trump, que afirma que as medidas farão os EUA voltarem a crescer. Neste domingo (2), o presidente disse que o país pode até enfrentar "alguma dor" com as taxas, mas que "valerá a pena o preço que devemos pagar".
Como resposta, o Canadá anunciou a imposição de tarifas de 25% a produtos exportados dos EUA para o país e a China disse que vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nesta segunda, contudo, o México e os EUA anunciaram um acordo para pausar as tarifas durante um mês. O México se comprometeu a reforçar o policiamento na fronteira, enquanto os EUA trabalham para impedir o tráfico de armas de alta potência para o vizinho.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, operava em queda na última hora do pregão.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,38%, cotado a R$ 5,8153. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,9048.
Com o resultado, acumulou:
* queda de 0,38% na semana e no mês;
* recuo de 5,90% no ano.
Na última sexta-feira (31), a moeda norte-americana fechou em queda de 0,25%, cotada a R$ 5,8372.
Ibovespa
Já o Ibovespa operava em queda na última hora do pregão.
Na sexta, o índice fechou em queda de 0,61%, aos 126.135 pontos.
Com o resultado, acumulou:
* alta de 3,01% na semana;
* ganho de 4,86% no mês e no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O novo acordo entre EUA e México foi o principal destaque dos negócios desta segunda-feira (3). O tratado determinou a pausa das tarifas durante um mês, além de medidas de ambos os países para controlar o que passa por suas fronteiras.
Apesar do acordo com o México, no entanto, as tarifas para o Canadá e para a China continuam — e seguem na mira dos investidores, em meio a temores de que a taxação possa aumentar a inflação no país norte-americano, por conta da alta nos preços de produtos e matérias-primas.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, tenta controlar os preços no país. Se a inflação subir demais, a instituição pode precisar aumentar os juros novamente.
Nesta segunda-feira (3), a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que não há urgência para o banco central reduzir os juros neste momento, conforme novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump podem elevar as pressões inflacionárias.
"É realmente apropriado que a política monetária seja paciente, cuidadosa, e não há urgência em fazer ajustes adicionais, especialmente devido a toda a incerteza" na economia, disse Collins em uma entrevista à CNBC.
Juros mais altos tornam o crédito mais caro para a população e empresas, reduzindo o consumo e, consequentemente, a pressão inflacionária. Mas também elevam a rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os ativos financeiros mais seguros do mundo.
Nesse caso, há uma maior atração de investidores para os Estados Unidos, o que pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas, como o real. Caso isso se concretize, há um impacto global dos preços, já que muitos contratos de importação e exportação são feitos na moeda norte-americana.
Isso pode acelerar a inflação em mais países, especialmente aqueles que têm os EUA como principais parceiros comerciais
Em entrevista à BBC, o analista da Capital Economics, Paul Ashworth, disse que, com as medidas de Trump, a janela para mais cortes nas taxas de juros dos EUA nos próximos 12 a 18 meses "simplesmente se fechou".
Além das tarifas já aplicadas, Trump afirmou que mira a União Europeia. Em resposta, a Comissão Europeia declarou que "responderá com firmeza se tarifas injustas forem aplicadas".
Na Ásia, os índices acionários das principais bolsas de valores fecharam assim:
* Em Tóquio, o Nikkei, principal índice acionário do país, caiu 2,66%;
* O índice KOSPI, da Coreia do Sul, teve desvalorização de 2,52%;
* Em Taiwan, o índice TAIEX teve forte baixa de 3,53%;
* O índice Hang Seng, em Hong Kong, caiu 0,04%.
Na Europa, os principais índices fecharam em queda.
Na agenda da semana, são aguardados novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Já no cenário doméstico, a agenda econômica está mais vazia, com destaque apenas para o boletim Focus, relatório do Banco Central (BC) que reúne as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país.
Na edição desta semana, houve um leve aumento nas expectativas para inflação, que passaram de 5,50% na última semana para 5,51%. Já para 2026, a expectativa subiu de 4,22% para 4,28%. Foi o sexto aumento consecutivo no indicador.
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