- Pela Redação
- 29/05/2023
ISTOÉ Dinheiro
A produção da indústria no Brasil frustrou as expectativas e ficou estagnada em janeiro, iniciando um ano em que a expectativa é de que o setor sofra desaceleração em meio a condições mais restritivas.
A variação nula de janeiro na comparação com dezembro interrompeu três meses de taxas negativas, mas ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de um aumento de 0,5% nessa base de comparação.
Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 1,4% na produção, contra expectativa de 2,3%.
Em 2024, a indústria apresentou crescimento de 3,3%, de acordo com os números do Produto Interno Bruto divulgados neste mês pelo IBGE. Segundo analistas, a perspectiva agora é de que o setor sofra uma desaceleração gradual ao longo deste ano.
Pesam sobre a produção os juros elevados por período prolongado, o que pode restringir os investimentos, bem como a taxa de câmbio e a inflação elevada.
O Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic a 13,25% ao ano, com efeitos que devem ser sentidos ao longo de 2025. A autoridade monetária volta a se reunir em 18 e 19 de março, e já indicou novo aumento de 1 ponto percentual.
“A gente entende que a indústria vive uma processo de desaceleração por conta da política monetária, que afeta o crédito às famílias”, avaliou André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE. “O consumo das famílias está claramente afetado por conta da Selic, inflação mais alta, especialmente de alimentos, e ainda o crédito menos farto”.
Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em janeiro 18 dos 25 ramos pesquisados mostraram avanço na produção, com destaque para máquinas e equipamentos (6,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (3,0%).
Macedo ressalta que essas atividades tiveram comportamento negativo no final de 2024 em meio a férias coletivas no período.
“Há um movimento de maior dinamismo para a produção de janeiro de 2025 por conta dessa volta à produção e que elimina a perda registrada em dezembro de 2024”, explicou.
Na outra ponta, a queda de 2,4% na produção das indústrias extrativas exerceu o maior impacto negativo em janeiro, interrompendo dois meses consecutivos de crescimento, influenciada segunda o IBGE pelos seus dois principais itens: petróleo e minérios de ferro.
Também pesaram os desempenhos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%); de celulose, papel e produtos de papel (-3,2%); e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,7%).
Entre as grandes categorias econômicas, a fabricação de Bens Intermediários teve queda de 1,4%, enquanto a de Bens de Capital aumentou 4,5% e a de Bens de Consumo subiu 3,6% em janeiro sobre o mês anterior.
E daqui para frente?
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, os dados da indústria reforçam a visão de que a economia brasileira perdeu fôlego nos últimos meses, mas não sinalizam uma virada brusca da atividade.
“Para os próximos meses, esperamos uma desaceleração gradual da atividade, com o PIB crescendo 2% em 2025 e 1% em 2026. Não descartamos, contudo, uma expansão maior, impulsionada pelas medidas adotadas pelo governo para estimular a economia”, avaliou.
“Apesar dos desafios impostos pela desaceleração da economia global e pelo prolongado período de juros elevados, acreditamos que a retração (da indústria) será moderada. Fatores como uma balança comercial sólida e políticas governamentais de estímulo à atividade econômica devem ajudar a mitigar os impactos negativos”, disse Igor Cadilhac, economista do PicPay, calculando em 2025 crescimento de 2% na produção industrial brasileira.
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