Donald Trump volta a citar que o Brasil é um exemplo de país a ser taxado

TARIFAS ENTRE BRASIL E EUA



g1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a citar o Brasil como um dos países que, segundo ele, "roubam" os EUA com tarifas sobre produtos americanos. A declaração foi feita nesta terça-feira (4), durante o tradicional discurso do Estado da União, no Congresso americano.

Com isso, diplomatas brasileiros avaliam que o país precisará equilibrar uma postura firme, porém cuidadosa, para evitar retaliações que possam afetar as exportações brasileiras e a relação comercial entre os dois países.

Trump faz discurso do Estado da União — Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Trump faz discurso do Estado da União | Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O que disse Trump?

Em seu discurso, Trump defendeu a adoção de novas tarifas para proteger produtores americanos e citou o Brasil como um dos alvos potenciais de medidas protecionistas. O presidente já tem aplicado sobretaxas a produtos como aço, alumínio e etanol, impactando diretamente setores estratégicos da economia brasileira.

Diplomatas ouvidos pela GloboNews afirmaram que a melhor estratégia, neste momento, é agir com prudência, respondendo apenas quando necessário e sem agravar o clima com Washington.

"O Brasil tem que agir com grande firmeza, mas com grande prudência. O adversário é forte", disse o ex-embaixador Marcos Azambuja.

Como estão as tarifas entre Brasil e EUA?

Com a escalada de tensões comerciais, alguns produtos brasileiros já enfrentam tarifas elevadas para entrar no mercado americano — e outros podem ser alvo de aumentos caso Trump avance com novas medidas.

Principais produtos que o Brasil exporta para os EUA (2024):

Óleos brutos de petróleo
Valor exportado: US$ 5,8 bilhões
Tarifa: 0%

Produtos semimanufaturados de ferro/aço
Valor exportado: US$ 2,7 bilhões
Tarifa: 7,2%

Café em grão
Valor exportado: US$ 1,9 bilhão
Tarifa: 9%

Pastas químicas de madeira
Valor exportado: US$ 1,5 bilhão
Tarifa: 3,6%

Ferro fundido bruto
Valor exportado: US$ 1,4 bilhão
Tarifa: 3,6%

Aeronaves e veículos aéreos (grandes)
Valor exportado: US$ 1,4 bilhão
Tarifa: 0%

Gasolina (exceto para aviação)
Valor exportado: US$ 997 milhões
Tarifa: 0%

Aeronaves a turbojato (médias)
Valor exportado: US$ 955 milhões
Tarifa: 0%

Carnes bovinas congeladas
Valor exportado: US$ 885 milhões
Tarifa: 10,8%

Semimanufaturados de outras ligas de aço
Valor exportado: US$ 738 milhões
Tarifa: 7,2%

Principais produtos que os EUA exportam para o Brasil (2024):

Partes de turbinas para aviões
Valor exportado: US$ 3,2 bilhões
Tarifa: 0%

Turborreatores
Valor exportado: US$ 2,9 bilhões
Tarifa: 0%

Gás natural liquefeito
Valor exportado: US$ 1,6 bilhão
Tarifa: 0%

Óleos brutos de petróleo
Valor exportado: US$ 1,45 bilhão
Tarifa: 0%

Gasóleo (óleo diesel)
Valor exportado: US$ 1,43 bilhão
Tarifa: 0%

Naftas petroquímicas
Valor exportado: US$ 1,43 bilhão
Tarifa: 0%

Hulha betuminosa
Valor exportado: US$ 1,39 bilhão
Tarifa: 0%

Copolímeros de etileno
Valor exportado: US$ 579 milhões
Tarifa: 20%

Óleos lubrificantes sem aditivos
Valor exportado: US$ 571 milhões
Tarifa: 0%

Outros polietilenos
Valor exportado: US$ 500 milhões
Tarifa: 20%

E agora?

Com Trump endurecendo o discurso e citando nominalmente o Brasil, diplomatas reforçam a necessidade de cautela, mas sem passividade.

"Prudência não significa silêncio. Significa agir na hora certa e na medida certa para defender os interesses do Brasil", afirmou um integrante do Palácio do Planalto.

Enquanto isso, a equipe econômica monitora o impacto potencial de novas tarifas e avalia medidas de defesa comercial para proteger setores estratégicos, como o agronegócio, a indústria do aço e a exportação de combustíveis.

O momento no governo é de alerta máximo, mas sem rompantes. Afinal, como define um diplomata, "Trump gosta do embate — mas o Brasil precisa gostar de resultado."

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