Cartão de crédito: saiba como escolher e usar de forma inteligente

EDUCAÇÃO FINANCEIRA



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Cartão de crédito com benefícios ou um básico apenas para o parcelamento de compras? De banco tradicional ou digital? Com anuidade ou sem? Essas são algumas perguntas que podem surgir ao tentar escolher um cartão de crédito.

Especialistas explicam que, antes de decidir por um tipo de cartão, os consumidores precisam saber o seu perfil de gasto, orçamento e objetivos de vida. Com isso, a escolha será mais correta de acordo com a realidade financeira de cada pessoa, o que pode evitar custos extras.

Por exemplo: se uma pessoa de baixa renda pretende ter um cartão de crédito apenas como um meio de pagamento, neste caso não será necessário que ela tenha um cartão com milhas e pontos, que geralmente exigem um poder de consumo maior e podem ter taxas de anuidade mais altas.

Nesta reportagem você vai entender:

* Os tipos de cartão de crédito

* Como escolher o cartão de crédito

* Vantagens e desvantagens do cartão de crédito

Os tipos de cartão de crédito

Conforme o Banco Central, existem principalmente três tipos de cartão de crédito: básico, diferenciado e consignado.

Básico: É utilizado apenas para pagamentos de bens e serviços, não possui benefícios e a taxa de anuidade é baixa — na maioria das vezes, isenta. Neste tipo de cartão, o limite de crédito é menor.

Diferenciado: Além de possibilitar o consumo antecipado e o parcelamento, esse cartão oferece benefícios como milhas, cashback e descontos na compra de bens e serviços. Mas, possui taxas de anuidade mais altas. Conforme Rafael Furtado, consultor da W1 Consultoria, esse é o tipo de cartão mais ofertado no mercado.

Consignado: Neste tipo, as parcelas da fatura são descontadas diretamente na folha de pagamentos ou benefício do consumidor. Por oferecer menos riscos de não pagamento, as taxas de anuidade são mais baixas. Não são tão comuns no mercado.

Para qual tipo de consumidor cada um deles é recomendado?

Pessoas de baixa renda podem preferir cartões básicos, pelo fato de terem taxas de anuidade mais baixas e não oferecem benefícios — que não costuma ser a prioridade deste tipo de consumidor.

Já pessoas com maior poder aquisitivo conseguem ter um "respiro" maior no orçamento e, por conta disso, procuram cartões diferenciados.

No entanto, Guilherme Almeida, especialista em educação financeira na Suno Research, afirma que também é possível pessoas de baixa renda terem um cartão de crédito diferenciado. Por exemplo, caso o consumidor tenha há muitos anos uma conta em um determinado banco, essa instituição pode classificar o cliente como um bom pagador e, assim, oferecer cartões com menos taxas e mais benefícios para o cliente.

"O básico seria para uma pessoa de baixa renda, que não se preocupa, em um primeiro momento, com vantagens ou que precisa utilizar apenas um cartão para as compras. Já diferenciado seria para aquela pessoa que quer benefícios, como milhas, descontos e atendimento personalizado no exterior. O consignado é mais procurado por aposentados ou servidores públicos", explica Guilherme Almeida.

Às vezes, os bancos oferecem vantagens a pessoas que recebem o salário de emprego formal naquela conta. Pode ser uma boa opção, pois muitas vezes os cartões diferenciados são isentos de taxas.

Cartão de crédito de banco digital ou tradicional?

Para responder essa questão, é possível afirmar que os bancos digitais oferecem cartões com taxas de anuidade mais baixas ou isentas para conquistar, de forma rápida, muitos clientes. Além disso, essas instituições podem oferecer benefícios atrativos, já que possuem custos de operação menores do que um banco tradicional.

Por outro lado, o especialista Guilherme Almeida, da Suno Research, afirma que também é possível conseguir cartões de crédito em bancos tradicionais com taxas menores e benefícios por meio de negociações e avaliação do perfil do cliente.

"Não é possível afirmar qual é o melhor. Neste caso, cabe ao consumidor comparar as taxas entre os bancos, analisar os benefícios de cada cartão de crédito e decidir se ele prefere um banco tradicional ou digital", alega.

Como escolher o cartão de crédito

Os consumidores podem seguir os seguintes passos para adquirir o cartão de crédito ideal de acordo com a sua realidade financeira:

1. Entender o perfil de gasto, orçamento e objetivos

Para escolher um cartão de crédito, é recomendado que o consumidor entenda:

* Seu orçamento: para saber, por exemplo, se é possível ter ou não um cartão de crédito com taxa de anuidade mais alta — e, consequentemente, com mais benefícios;

* Seus objetivos: para entender se será fundamental a contratação de um cartão diferenciado para a realização de um sonho. Por exemplo, se a pessoa quer viajar mais, é indicado que ela se programe para ter um cartão com milhas;

* Seu perfil de gasto: caso a pessoa tenha gastos elevados no cartão de crédito, mas também ser uma boa pagadora, é comum que os bancos ofereçam a elas cartões com taxas mais baratas e benefícios atrativos.

"O cartão de crédito precisa estar alinhado com o perfil e objetivos da pessoa. A dica principal é buscar cartões com boas opções de benefícios, de maneira que você consiga não pagar a anuidade, ou, se pagar, ter muito mais benefícios que custos", recomenda o consultor financeiro Rafael Furtado.

2. Comparar taxas e benefícios

Conforme Guilherme Almeida, da Suno Research, é sugerido que o consumidor avalie benefícios entre os bancos de preferência e compare as taxas de crédito rotativo e parcelado de acordo com a média determinada pelo Banco Central.

EXEMPLO: Quando o cliente paga o valor mínimo — ou quantia inferior ao custo inteiro — de uma fatura, ele entra no juro rotativo. Se a fatura custa R$ 1 mil e o cliente só consegue pagar R$ 700, a taxa de juros rotativo vai incidir todos os dias sobre os R$ 300 restantes.

Já quando o cliente percebe que não vai conseguir pagar o valor integral da conta, ele pode solicitar ao banco o parcelamento da fatura. Nesta modalidade, é incidido uma taxa de juros fixa, que possui um valor menor que o juros rotativo.

O Banco Central (BC) divulga uma tabela que contém as taxas de juros rotativo ou parcelado determinado pelas instituições financeiras credenciadas. Para acessar, basta entrar no site do BC e clicar nas opções 'cartão de crédito parcelado' ou 'cartão de crédito rotativo'.

"Com esses dados, o consumidor deve comparar as taxas da instituição financeira de preferência com a média do mercado divulgada pelo BC. Se a taxa for menor que a média de mercado, a taxa do banco é competitiva. Se a taxa for maior que a média, o cliente pode avaliar se faz sentido ele manter o serviço na instituição", explica o especialista.

A taxa média de juros do cartão de crédito é divulgada mensalmente pelo BC. Conforme a última atualização, referente ao mês de julho de 2024, a taxa média de juros rotativo foi de 14,95%, enquanto a de juros parcelado foi de 8,89%.

Vantagens e desvantagens do cartão de crédito

O cartão de crédito pode ser um aliado para a compra de produtos e serviços que têm alto valor agregado, como eletrodomésticos e viagens, por exemplo. Com ele, pessoas de baixa renda conseguem antecipar o consumo — via pagamento de parcelas — de um produto que poderiam levar anos para terem o valor integral da compra.

Especialistas informam que, por meio do parcelamento, o consumidor não precisa disponibilizar de uma quantia alta de dinheiro de uma só vez, o que faz com que o dinheiro guardado possa render mais ao longo do tempo ou possa pagar aos poucos um item de maior valor.

Outra vantagem é que cartões de crédito podem proporcionar benefícios a cada compra, como milhas, cashback e descontos em estabelecimentos. No entanto, esses cartões podem ter taxas mensais mais altas para o fornecimento do benefício.

"A partir das faturas do cartão, o consumidor consegue também analisar o seu comportamento de consumo. Mas é preciso que a pessoa tenha disciplina e responsabilidade para quitar integralmente a fatura daquele instrumento. Caso contrário, os juros altos podem ser grandes inimigos", ressalta Guilherme Almeida, especialista em educação financeira da Suno Research.

Em relação aos perigos, muitas pessoas enxergam o limite do cartão de crédito como uma extensão do salário, o que aumenta o risco de endividamento. Isso acontece porque os consumidores podem gastar muito mais do que o dinheiro que ganham.

Para evitar esse problema, o indicado é ajustar o limite do cartão de crédito com um valor menor que a quantia total da renda. Além disso, é preciso que o consumidor tenha controle financeiro para evitar compras por impulso e desnecessárias.

"Algo para se levar em conta também é que o juro do cartão de crédito é o maior do mercado. Então, caso um consumidor não consiga pagar uma fatura, o valor da dívida pode ficar muito maior do que ele de fato consegue pagar. É preciso ter muita cautela", ressalta Almeida.

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