- Pela Redação
- 29/05/2023
Cristhiane Leão
A chikungunya, uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, tem se tornado cada vez mais prevalente em diversas regiões. Embora a infecção aguda, caracterizada por febre alta, dor muscular e erupção cutânea, seja o foco principal das atenções, um aspecto frequentemente negligenciado são as sequelas que a doença pode deixar, especialmente nas articulações. As dores articulares e a rigidez, condições que persistem após a fase aguda da doença, têm afetado profundamente a qualidade de vida de milhares de pessoas, representando um grande desafio para os profissionais de saúde. Nesse contexto, a acupuntura se apresenta como uma abordagem terapêutica promissora no tratamento dessas sequelas.
Após a fase de infecção, muitos pacientes continuam a enfrentar dores intensas nas articulações dos pés, tornozelos, joelhos, mãos e pulsos. Essas dores são frequentemente acompanhadas por rigidez articular, que pode ser tão severa a ponto de prejudicar a mobilidade e a execução de atividades cotidianas. Esse quadro doloroso pode persistir por semanas, meses ou até anos, com variações significativas em termos de intensidade e duração entre os pacientes.
Essas sequelas refletem a resposta inflamatória desencadeada pelo vírus, que afeta as articulações e resulta em um processo inflamatório crônico. Esse processo inflamatório pode levar à destruição parcial da cartilagem, ao aumento da produção de substâncias inflamatórias e à alteração na mobilidade articular, resultando em dor persistente e perda de função.
No tratamento das sequelas da chikungunya, a acupuntura, prática terapêutica milenar da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), tem se mostrado uma aliada eficaz no controle da dor e na melhoria da rigidez articular. Sua eficácia se deve a um mecanismo de ação complexo, que é capaz de modular a resposta inflamatória do organismo, além de estimular a produção de substâncias analgésicas naturais, como as endorfinas.
A técnica da acupuntura se baseia na inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo, com o objetivo de promover o equilíbrio energético, restabelecer a harmonia funcional do organismo e acelerar a regeneração dos tecidos afetados. Estudos científicos têm demonstrado que a acupuntura pode melhorar a circulação sanguínea local, aumentar a oxigenação das células e promover a regeneração das articulações, fatores essenciais para a recuperação da função articular e redução da dor crônica.
A chave para o sucesso no tratamento das sequelas da chikungunya por meio da acupuntura está na personalização do plano terapêutico. Como os sintomas e as respostas à doença variam significativamente entre os pacientes, é fundamental que a médico acupunturista realize uma avaliação bem detalhada pois os mesmos sintomas são parecidos com o da dengue e é necessário pedido de exames de sangue juntamente com essa avaliação para os cuidados com o paciente. Essa avaliação deve considerar fatores como o histórico clínico do paciente, as áreas de dor, a intensidade da rigidez articular e outros aspectos individuais que possam influenciar o tratamento.
A combinação da acupuntura com outras práticas terapêuticas. Além disso, a mudança de hábitos e a adoção de um estilo de vida saudável são fundamentais para potencializar os efeitos do tratamento. O controle do peso corporal, a alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas adaptadas às necessidades de cada paciente podem contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida.
Embora o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios seja uma opção em alguns casos, a acupuntura tem o potencial de reduzir a dependência desses fármacos, oferecendo uma alternativa mais natural e sustentável para o controle da dor e da inflamação.
As sequelas da chikungunya, em especial as dores e rigidez articular, representam um desafio significativo para aqueles que lidam com os efeitos prolongados da doença. No entanto, com o tratamento adequado, incluindo a acupuntura e outras terapias complementares, é possível alcançar uma recuperação funcional e melhorar substancialmente a qualidade de vida dos pacientes. A abordagem cientifica que envolve cuidados contínuos e mudanças no estilo de vida, é essencial para positividade e resolução do quadro.
Dra. Cristhiane Leão é médica acupunturista e anestesiologista
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