João Baldasserini, ator galã da Rede Globo, revela drama do vício em álcool

DESABAFO



ISTOÉ Gente

Apaixonado pela arte desde novo, João Balda teve sua primeira influência dentro de casa: Kika Baldasseirine, mãe, cantora e monja budista, uma mulher que fez com que a ausência paterna não impedisse João de se tornar um grande artista. Foi criado em Indaiatuba, mas consolidou sua paixão dentro da USP, formando-se em artes cênicas em 2004, dando início à sua trajetória profissional em São Paulo.

Em uma entrevista concedida ao titular desta Coluna, no programa Painel IstoÉ Gente, o galã revelou ao jornalista Matheus Baldi questões que nunca havia falado publicamente.

Seus primeiros papéis na TV vieram discretos, em Tempos Modernos (2010) e O Astro (2011), ambos na Globo. 

Um reconhecimento ainda maior veio em 2015, quando interpretou Joel em Felizes Para Sempre?. Na época, o ator chegou a ser apontado como pivô da separação de sua colega de cena Paolla Oliveira e do então companheiro dela Joaquim Lopes, situação que Baldasserini nega veementemente e sobre a qual também falou em detalhes nesta mesma entrevista concedida a Matheus Baldi.

Logo depois, em 2016, foi com Beto Velásquez em Haja Coração que ele viveu um verdadeiro divisor de águas tanto na vida profissional, como na pessoal.

O ator experimentou o ápice da fama. O par romântico com Mariana Ximenes virou febre nas redes sociais e fez dele um dos galãs mais queridos da televisão naquele momento. Mas junto com o sucesso vieram pressões inesperadas: “Eu lembro que fiquei assustado com essa repercussão. Foi uma fase onde eu vivi uma injeção de adrenalina muito grande. Mas, inconscientemente, vinha aquela coisa: ‘essas pessoas não me conhecem’. De repente, eram muitos ‘eu te amo’, muita atenção. Nunca tinham me olhado assim, nunca tinham me dado tanta atenção desse jeito. Isso bagunçou a minha cabeça”, revelou em nossa entrevista.

Porém, a verdade é que quando não estamos preparados para a fama, ela acaba se tornando um monstro muito maior, que nos engole e faz com que a nossa essência se perca, e aquele terror nos domine. Entre gravações, aplausos e manchetes, o ator começou a se isolar. Para lidar com a euforia que o sucesso lhe trazia, buscou refúgio no álcool. “Eu entrei num processo de beber com mais intensidade, porque a bebida me dava uma acalmada, me colocava no chão. Mas eu acabei entrando num ciclo vicioso”, detalhou.

As novelas na Globo continuaram, após Haja Coração, ele emendou mais dois folhetins, “Pega Pega” (2017) e “O Tempo não para” (2018), e quem olhava João Balda pela TV, não imaginava a guerra que ele travava consigo mesmo nos bastidores: “Eu entrei num processo de auto-boicote. Profissionalmente eu estava voando, emendando uma novela na outra. Mas emocionalmente, eu estava ladeira abaixo”, confessou.

A travessia não foi fácil, mas lhe trouxe maturidade. Ele mesmo reconhece que o sucesso expôs feridas antigas, ligadas à infância e à sensação de não merecimento. “Na hora em que o sucesso veio, veio à tona uma fragilidade minha, e eu precisei entender minha história, entender que eu merecia”, refletiu. João enfrentou uma infância difícil, embora tivesse o apoio de sua mãe, seu pai morreu aos 57 anos, em 2010, pelo vício em álcool. De maneira tão controversa, existiram sinais de que o seu maior trauma fosse também condenar sua existência. 

Mas ele se reergueu, reconheceu que precisava de ajuda, e que além do vício teria que curar feridas antigas, por isso iniciou um tratamento psiquiátrico com medicação, controlada e hoje aos 41 anos está livre do vício há 5 anos. 

Superada a fase mais dolorosa, João reinventou sua relação com a arte e com a vida. Além de novos papéis de destaque na televisão: como Zezinho em Salve-se Quem Puder (2020), A Infância de Romeu e Julieta (2023) e Família É Tudo (2024). 

Além disso, investiu em um projeto de transformação pessoal e coletiva: O Espaço João Balda de Desenvolvimento para Teatro e TV, inaugurado em Indaiatuba. O retorno à cidade natal simboliza mais do que um reencontro, é uma forma de devolver ao lugar de origem aquilo que a vida lhe ensinou. No espaço, jovens artistas encontram oportunidade de aprendizado, e João, por sua vez, a chance de ressignificar a própria trajetória.

Hoje, ele é casado com a psicóloga Erica Lopes, que conheceu ainda novo em sua cidade natal, juntos tem o filho Heleno de seis anos. Entre a família, seu projeto social e a retomada da conexão com as suas raízes, João encontrou as coisas que realmente são valiosas na vida, e que vão muito além da fama.

O grande dilema de sua história está justamente aí: um homem que precisou se perder para depois se reencontrar. Sua trajetória mostra que o auge da fama pode ser incrível, mas também passageiro, e que a verdadeira força está na coragem de encarar a própria vulnerabilidade para se transformar em alguém melhor e mais forte. No fim, um encontro com questões que se transformam em verdadeiros propósitos e passam a dar ainda mais sentido à vida.

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