Dona Eulália partiu, mas permanece na memória afetiva cuiabana

Rainha do Bolo de Arroz



Da assessoria 


Dona Eulália vive na memória afetiva de Cuiabá e de incontáveis turistas que tiveram a oportunidade de experimentar o bolo de arroz mais digoreste do mundo, que desde 1956 ela servia sempre sorrindo aos que iam ao seu bistrô no centenário bairro da Lixeira, onde se respira a cuiabania raiz por todos os lados.

No domingo (27), enquanto Cuiabá ia às urnas para o segundo turno, Dona Eulália sentiu fortes dores no peito. Internada numa UTI, ela disse adeus ao trabalho que foi seu companheiro constante e fechou os olhos para sempre na tarde da segunda-feira (28). Seu corpo foi velado na Capela Jardins e sepultado nesta terça-feira, 29, no Cemitério Parque Bom Jesus, em Cuiabá, onde nasceu na comunidade Aricazinho e da qual nunca saiu.

Dona Eulália da Silva Soares tinha 90 anos. Adolescente casou-se com o pedreiro Eurico Avelino Soares e os dois tiveram oito filhos, que expandiram a família com a chegada de netos e bisnetos.

Em 1956 o casal deixou a zona rural e passou a morar no bairro Lixeira. Cuiabá era uma pequena cidade que crescia, mas as oportunidades de emprego eram poucas. Dona Eulália foi para um forno construído pelo marido, e descobriu o mapa da mina: o bolo de arroz, secundado por outras delícias da gastronomia cuiabana. Sem ponto comercial, a saída era botar uma bacia com os produtos e vendê-los nas imediações das escolas e na porta da Igreja do Rosário e São Benedito – perto de Lixeira – após as missas e quando das festas religiosas. Nasceu assim a grande referência gastronômica de Cuiabá.

A fama do bolo de arroz fez do bistrô de Dona Eulália o mais famoso tchá co bolo de Cuiabá. O movimento aumentava cada vez mais e a filharada literalmente botou a mão na massa para ajudar a mamãe.

Do forno para as capas dos jornais e revistas, entrevistas no rádio e televisão, e matérias nos sites. Dona Eulália entrou para o rol das grandes personagens femininas da Cuiabá de todos os tempos, dentre as quais Maria Dimpina Lobo Duarte, Zulmira Canavarros, Dona Domingas, Ana Maria do Couto, Luzia Guimarães, Dunga Rodrigues e outras.

O adeus de Dona Eulália comoveu Cuiabá. Nesta terça-feira, a prefeitura decretou luto de três dias e o governo emitiu nota de pesar lamentando a morte. Na Assembleia Legislativa, durante uma reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), seu presidente, o deputado Júlio Campos (União), fez um pronunciamento resgatando o histórico de vida de Dona Eulália e apresentou uma Moção de Pesar da CCJ pela morte da figura mais famosa da gastronomia mato-grossense. Os deputados Thiago Silva (MDB) e Dr. Eugênio (PSB) membros da CCJ e presentes, apoiaram o pedido, e os deputados Sebastião Rezende (União) e Diego Guimarães (Republicanos), que participavam remotamente, também apoiaram.

A Moção será encaminhada aos familiares de Dona Eulália.


Júlio Campos pediu a Moção de Pesar tendo ao lado Thiago Silva (esq.) e Dr.Eugênio (dir.)

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