'Se nazistas tivessem acesso ao X teriam conquistado o mundo', diz Moraes a revista

À NEW YORKER



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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as redes sociais são hoje “o maior poder de todos” e acusou as big techs de tentarem “controlar o mundo”, driblando legislações nacionais. A declaração foi dada à revista The New Yorker, em reportagem publicada nesta segunda-feira (8).

Em tom duro, Moraes direcionou críticas ao bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), e comparou o uso político da plataforma ao aparato de propaganda nazista. “Se Goebbels [chefe da propaganda de Hitler] estivesse vivo e tivesse acesso ao X, os nazistas teriam conquistado o mundo”, disse o ministro, ao destacar o potencial de manipulação de massas por meio dos algoritmos.

Conflito com Musk e ofensiva digital

Moraes vem sendo alvo de ataques de Musk desde que determinou que o X bloqueasse perfis bolsonaristas acusados de espalhar desinformação. Em resposta, Musk chamou o magistrado de “ditador” e chegou a pedir seu impeachment. A crise chegou a levantar a possibilidade de suspensão da rede social no Brasil.

À revista, Moraes afirmou que Musk não apenas desobedeceu decisões judiciais, mas tornou-se pessoalmente responsável pela desobediência da plataforma. “Eles não querem respeitar jurisdição alguma. O objetivo é se tornarem imunes às nações”, afirmou, acusando as plataformas de quererem montar uma nova “Companhia das Índias Orientais digital”.

Ele também comentou que a extrema-direita global identificou o potencial mobilizador das redes ainda na época da Primavera Árabe, e desde então passou a usá-las para fragilizar instituições democráticas. “No início, os algoritmos eram refinados para fins econômicos, para cativar consumidores. Então as pessoas perceberam o quão fácil era redirecionar isso para o poder político”, disse à revista.

“Eles não atacam diretamente a democracia, dizem que as instituições estão corrompidas. É um populismo altamente estruturado”, completou.

Moraes disse ainda que o Brasil ofereceu um campo de testes significativo para esforços de afirmação de poder político por meio da internet. “A extrema-direita quer tomar o poder — não dizendo que se opõe à democracia, porque isso não ganharia apoio público, mas alegando que as instituições democráticas são fraudadas”. “É um populismo altamente estruturado e altamente inteligente. Infelizmente, no Brasil e nos EUA, ainda não aprendemos a revidar.”

Bolsonaro, redes e 2026

A reportagem cita ainda o contexto do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado e é considerado inelegível até 2030. Moraes evitou comentar o julgamento em curso, mas disse não ver “a menor possibilidade” de reversão da inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo ele, eventuais candidaturas de Michelle Bolsonaro ou dos filhos do ex-presidente não terão o mesmo peso. “Nenhum deles tem a relação com as Forças Armadas que ele [Bolsonaro] tinha”, observou.

“Sou odiado por todos os lados”

Ao falar de sua trajetória, Moraes lembrou que já foi alvo da esquerda quando assumiu o Ministério da Justiça no governo Temer e hoje é combatido pela direita. “Na época, me chamavam de golpista. Agora sou odiado pela extrema-direita. Já estou acostumado”, disse.

A reportagem da New Yorker descreve Moraes como “um dos homens mais poderosos do Brasil” e responsável por travar uma batalha jurídica contra as chamadas “milícias digitais” bolsonaristas. Em tom irônico, o ministro comentou um meme popular nas redes: “Misturaram Voldemort com um Sith e disseram que sou eu. Achei engraçado”.

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