'Governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX', avaliam interlocutores de Lula

NOVA REGRA REVOGADA



g1

O governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX. Errou ao lançar a medida sem explicá-la e calcular o impacto que ela teria sobre a população.

Também falhou ao tentar encerrar a polêmica por demorar a reagir de forma definitiva e insistir incialmente num caso que já havia se transformado numa batalha perdida para a administração do petista.

Essa avaliação é feita por interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o episódio que deu munição a golpistas e à oposição para desgastar a imagem do governo.

A instrução normativa da Receita não tributava o PIX e até trazia melhoras no sistema, ao elevar de R$ 2 mil para R$ 5 mil as transações financeiras, incluindo o PIX, que passariam a ser monitoradas de perto pelo órgão federal. E seu objetivo era pegar sonegadores, não pequenos empreendedores.

O recuo do governo acabou se transformando na única saída possível para acabar com as fake news sobre a medida.

Assessores de Lula defendiam o ato da Receita como forma de combater sonegadores, mas reconheceram que ela deu munição para oposição e golpistas desgastarem a imagem do governo. Criticam, porém, a demora em tomar uma medida definitiva.

Segundo interlocutores do presidente, “ficou ruim no anúncio e pior na demora do recuo”. Segundo a equipe de Lula, o governo precisa ter cuidado redobrado em suas decisões para evitar explorações políticas.

Testar e discutir

Um assessor defende que tudo seja testado e discutido internamente, principalmente em áreas sensíveis como a de tributos.

Além do recuo, outra decisão acertada, que demorou, foi acionar a Polícia Federal para investigar os autores das fake news e dos golpes financeiros.

Uma medida provisória será editada para garantir que o Pix se equivale a dinheiro vivo e não pode sofrer nenhuma tributação como meio de pagamento, e os contribuintes terão seu sigilo preservado.

O presidente Lula avaliou nesta quarta-feira (15) que não dava apenas para ficar remediando a crise do Pix. Ele decidiu chamar sua equipe econômica para colocar um ponto final na polêmica.

Vídeo incômodo

A irritação atingiu o ponto máximo com um vídeo do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que ultrapassou as mais de cem milhões de visualizações. E um vídeo que insinuava que o governo poderia estar tramando algo contra os trabalhadores.

“O governo Lula vai monitorar seus gastos. E o Pix não será taxado, mas é sempre bom lembrar. A comprinha da China não seria taxada, mas foi. Não ia ter sigilo, mas teve. Você ia ser isento do Imposto de Renda, não vai", afirmou o deputado do PL de Minas.

"O Pix não será taxado, mas não duvido que possa sim. Quem mais será afetado por esta medida serão os trabalhadores, que serão monitorados como se fossem grandes sonegadores”, prosseguiu Nikolas Ferreira.

Esse tipo de informação estava viralizando principalmente em grupos de trabalhadores informais, um segmento que votou em Bolsonaro e o governo Lula tenta atrair.

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