Invenções

RENATO DE PAIVA PEREIRA



Renato de Paiva Pereira

Talvez a maior revolução tecnológica dos últimos 50 anos seja a internet. Interessante é que ela chegou devagar nos ambientes universitários e ficou muito tempo desconhecida do grande público. Mas um dia explodiu, e espalhando-se para o mundo inteiro, interligou pessoas como nunca e modificou o comportamento da humanidade.

Também o celular, que no começo dos anos 1990 era um aparelho desajeitado que só fazia ligações telefônicas, transformou-se no atual smartphone, ferramenta de multiuso, que passou a ser gênero de primeira necessidade no mundo moderno. Hoje, há mais aparelhos celulares que habitantes no planeta. Tal como a internet (responsável direta por sua transformação), ele não foi precedido de grandes divulgações.

Mas, nem todas as invenções recentes foram vitoriosas. Lembro o caso da clonagem de mamíferos, a experiência da ovelha Dolly: no fim do século passado, a imprensa noticiava com estardalhaço a possibilidade de “copiar” animais de grande desempenho ou de excepcionais características genéticas comercialmente desejáveis. Passados alguns anos, o experimento não alcançou escala comercial desejada: o custo para conseguir um clone se revelou proibitivo, a saúde do animal “copiado” nem sempre era boa e a possibilidade de repetição do feito exigia dezenas ou até centenas de tentativas para se concretizar. Diferente dos casos do celular e da internet, que nasceram discretos e agigantaram-se, esse prometia uma revolução, mas fracassou.

Há diversas outras “revoluções” em andamento que só o tempo dirá se repetirão o sucesso da internet e dos smartphones ou se vão ser descartadas, como a experiência da famosa Dolly, que morreu há anos.

Existem algumas promessas envolvendo automóveis: uma é o badalado carro autônomo que há cerca de três ou quatro anos ocupava a atenção dos jornais e que hoje anda meio esquecido. Problemas de legislação e alguns detalhes técnicos que exigiriam altíssimo investimento para serem aprimorados, aumentariam muito o preço destes veículos, deixando-os inviáveis. Outra, o carro voador – proposta de locomoção rápida e sem congestionamentos – perdeu força.

Ao contrário dos autônomos e dos voadores, os carros elétricos e híbridos emplacaram (releve o trocadilho). Em alguns anos, provavelmente, dominarão o mercado.

A impressora 3D, que estaria disponível ao público e que conseguiria fabricar desde pequenas peças domésticas até uma casa completa, micou. Elas existem, mas, ao contrário da previsão de acesso ao consumidor comum, ficou restrita a alguns nichos, entre eles a fabricação de armas clandestinas.

A carne de laboratório é mais um exemplo que, pelo menos por enquanto, não atingiu o consumidor comum. Cientistas já conseguem fabricar “carne” artificialmente, fazendo crescer células de animais, alimentadas com proteínas vegetais. Mas elas ainda não caíram no gosto do povo e são mais caras que a carne convencional. Outro problema é que somente são conseguidas carnes indiferenciadas – tipo carne moída – não atendendo o desejo das pessoas que querem filé, alcatra ou picanha.

A estrela da vez é a Inteligência Artificia (IA) que se popularizou depois do Chat GPT. Muitos acreditam que ela – como ferramenta, não como substituta do cérebro humano - igualará os sucessos da internet e do telefone celular. É possível. Em breve saberemos.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor. 

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