- Pela Redação
- 29/05/2023
Terra
Milton Cunha, de 62 anos, não conteve a emoção durante o desfile da Paraíso de Tuiuti em homenagem Xica Manicongo, considerada a primeira travesti não indigena do Brasil. Logo no começo do desfile que iniciou a madrugada desta quarta-feira, 5, na Marquês de Sapucaí, o comentarista da TV Globo desabafou sobre o preconceito sofrido pela comunidade LGBTQIAPN+ e exaltou o enredo escolhido pela agremiação de São Cristóvão.
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“Todos os seres humanos, parem de nos matar. O Brasil é o País que mais nos mata no mundo. É dramático, é veemente, cada dedo que nos aponta, cada olhar, nós somos crianças espancadas, somos crianças jogadas pro escanteio. A gente não pode ir na sala, porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente”, disse o comunicador.
De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil liderou o ranking mundial de homicídios e suicídios de LGBTQIAPN+ em 2024. No ano passado, foram 273 homicídios e 18 suicídios no País.
Com o enredo Quem Tem Medo de Xica Manicongo, a escola colocou 28 pessoas trans na avenida, incluindo figuras políticas como as deputadas Erika Hilton (PSOL) e Duda Salabert (PDT).
“Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como a Tuiuti, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós LGBTQIAPN+, excluídos, apontados e assassinados para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí”, falou o comentarista ao exaltar a Tuiutí.
Mesmo em meio ao emocionante desabafo, Milton Cunha mostrou o seu bom humor de sempre e brincou ao agradecer a Globo pela participação na transmissão.
“Obrigado, TV Globo, por me contratar. Eu, uma maricona velha, assumida e pintosa, estou aqui falando, viva”, destacou.
Antes de receber o apoio dos companheiros de transmissão, o comentarista concluiu o discurso com uma nova exaltação ao samba: “Que venha a Tuiuti, que venha a Xica Manicongo nos representar e dizer: nós somos seres humanos, nós merecemos todo o respeito do mundo. Viva a tolerância, viva a democracia, viva a fraternidade, viva o humanismo”.
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