Segundo CNJ desembargadores recebiam presentes de elevado "valor’ de advogado

Redação 

A Corregedoria Nacional de Justiça determinou o afastamento imediato dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), devido a indícios de que ambos recebiam presentes de alto valor do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023 em Cuiabá. Além do afastamento, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) solicitou uma investigação sobre os magistrados e servidores associados a eles.

Segundo o CNJ, existem indícios de que os magistrados mantinham uma amizade íntima com Zampieri, tornando-os suspeitos para julgar casos patrocinados pelo advogado. As investigações indicam que os desembargadores recebiam vantagens financeiras indevidas e presentes valiosos em troca de decisões favoráveis aos interesses de Zampieri. O corregedor Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, destacou em sua decisão que há sinais de graves faltas funcionais e indícios de recebimento de vantagens indevidas, e requisitou documentos fiscais e monetários, sigilosos ou não, para esclarecer os processos.

A decisão está vinculada à investigação das conexões entre os desembargadores e Zampieri, que foi assassinado aos 59 anos em frente ao seu escritório. A investigação da morte de Zampieri, conduzida pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá, sugere uma possível relação com decisões judiciais em Mato Grosso. O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) forneceu informações que levaram a Corregedoria a compartilhar provas obtidas pela Polícia Civil, incluindo o conteúdo do celular de Zampieri e relatórios policiais.

Os desembargadores agora terão acesso aos autos e poderão apresentar uma defesa prévia à abertura de um Processo Administrativo Disciplinar dentro de 15 dias. Os processos tramitam em sigilo.