Participação de Ex-assessor de Neri Geller em Leilão da Conab Envolve 44% da Comercialização de Arroz

“Tem caroço nesse angu”



O recente leilão de arroz promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) trouxe à tona uma série de questões intrigantes sobre as empresas participantes e os bastidores do processo. Três das quatro empresas que adquiriram um total de 263,37 mil toneladas de arroz apresentam perfis empresariais bastante distintos do setor alimentício.

A primeira delas, a Wisley A. de Sousa Ltda, conhecida por sua atividade como uma loja de queijos em Macapá, Amapá, surpreendeu ao arrematar uma quantidade significativa de arroz, totalizando 147,303 mil toneladas em seis lotes. Tal aquisição representa um volume considerável, resultando em um pagamento estimado em R$ 736 milhões pela Conab. Intrigantemente, o montante exigido como garantia para essa operação, que corresponde a 5% do valor total, é substancialmente superior ao capital social declarado pela empresa, levantando questionamentos sobre sua capacidade financeira.

A Icefruti Indústria e Comércio de Alimentos Ltda, uma fábrica de sucos e sorvetes localizada em Tatui (SP), também participou do leilão, adquirindo 22,5 mil toneladas em dois lotes. Da mesma forma, a ASR Locação Venda Maquinas Ltda, sediada no Distrito Federal e especializada no aluguel e venda de veículos agrícolas, adquiriu 19,740 mil toneladas, também em dois lotes. Embora essas empresas tenham histórico de participação em leilões anteriores da Conab, surgem dúvidas sobre sua capacidade financeira para garantir o negócio.

A exigência de uma garantia de 5% do valor total até o dia 13 de junho para garantir a continuidade do processo revela uma etapa crucial na transação. Contudo, a disparidade entre o valor exigido e o capital social declarado por algumas empresas suscita preocupações sobre a solidez financeira dos participantes.

Além disso, a descoberta de que as operações das empresas ASR, Icefruit e Zafira Trading foram intermediadas pela mesma Bolsa credenciada na Conab levanta questões sobre possíveis conflitos de interesse. A Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT), fundada em 2023 por Robson Luiz Almeida de França, ex-assessor de Neri Geller, ex-ministro da Agricultura e atual secretário de Política Agrícola, desperta especulações sobre a imparcialidade do processo.

Embora as autoridades da Conab e Neri Geller neguem qualquer influência ou interferência nas operações, a proximidade entre a BMT e figuras proeminentes do cenário político agrícola do país suscita questionamentos sobre a transparência e a equidade dos leilões.

No entanto, é importante ressaltar que essas conexões não implicam necessariamente em irregularidades, e é fundamental aguardar uma investigação mais aprofundada para esclarecer qualquer possível mal-entendido ou violação das normas estabelecidas.

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