Lula se reúne com n° 2 do Itamaraty para tratar sobre situação na Venezuela

TENSÃO PÓS-ELEIÇÃO



g1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, neste domingo (8), com a secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), Maria Laura da Rocha, no Palácio da Alvorada. Os dois debateram o episódio mais recente de tensão na Venezuela.

Maria Laura representa a pasta de forma interina, enquanto o chanceler Mauro Vieira cumpre agendas no Oriente Médio. A ministra substituta chegou ao Palácio por volta das 8h50, e a reunião durou cerca de duas horas.

O assessor especial da Presidência, Audo Faleiro, também esteve no encontro, assim como Vieira, que participou de forma remota.

A situação na Venezuela ganhou um novo episódio de tensão neste fim de semana, após o regime de Nicolás Maduro informar ao governo brasileiro que revogou a autorização para que o país represente os interesses da Argentina em Caracas.

O Itamaraty, no entanto, defendeu que a regra não pode ser revogada de maneira unilateral, e que permanecerá no posto até que um novo representante seja anunciado.

* Dentro da embaixada, que está sob custódia do Brasil, há seis asilados de oposição ao regime de Maduro, que tem interesse em prendê-los (saiba quem são eles aqui).

Decisão surpreendeu o Brasil

O assessor especial da Presidência Celso Amorim disse estar "chocado" com a notificação venezuelana, e afirmou que a decisão é preocupante. O diplomata está na Rússia, onde cumpre agenda.

"Eu acho extremamente estranha a atitude da Venezuela, figura corrente do direito internacional é a proteção internacional de interesses. Para mim, é uma coisa que me chama a atenção, e me choca muito", pontuou Amorim.

Segundo ele, há uma preocupação na escalada de tensão no país vizinho e nas relações entre Brasil e Venezuela.

"Não tem cabimento isso. Eu acho que esse é um assunto tipicamente diplomático. Claro que tem repercussões políticas. O Itamaraty respondeu corretamente e lamentamos muito a situação", prosseguiu o assessor.

O Itamaraty publicou uma nota após a determinação da Venezuela em que se disse "surpreso" com a decisão e informou que continuará representando a Argentina em Caracas até que o país indique outro representante.

A Argentina, por sua vez, agradeceu o gesto do governo brasileiro. Disse que "aprecia o compromisso e responsabilidade" do Brasil "em assegurar a custódia das propriedades argentinas" na Venezuela.

Cerco a prédio

A decisão da Venezuela em revogar a representação do Brasil formaliza o cerco que o regime Maduro impõe, desde a noite desta sexta (6), ao prédio da missão diplomática argentina em Caracas, atualmente dirigido por diplomatas brasileiros.

O edifício foi cercado por forças do governo e a energia no local foi cortada. O local em que os funcionários da embaixada e os asilados estão abrigados possui gerador próprio.

"Na Embaixada da Argentina na Venezuela, sob custódia do Brasil, estamos com a energia elétrica cortada e com os acesso à sede tomados", escreveu na rede social X Magalli Meda, chefe de campanha de María Corina Machado, refugiada no local desde 20 de março ao lado de cinco colegas.

A oposição relatou, na noite desta sexta que homens encapuzados rondaram os arredores do edifício. E que um veículo da polícia está desde então estacionado em frente ao local.

Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), criticou o governo venezuelano. Ele escreveu no X que as "ameaças e ações são completamente contrárias ao Direito e não são aceitáveis de nenhuma forma pela comunidade internacional".

Além da Argentina, outros países manifestaram apoio à decisão brasileira de permanecer na representação diplomática. Entre eles, Estados Unidos, Panamá e Costa Rica.

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