General Mário Fernandes diz ter falado com Bolsonaro sobre data para o golpe

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Metrópoles

Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) ao longo da investigação sobre trama golpista pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostram mensagem enviada pelo general da reserva Mário Fernandes para Mauro Cid, em que diz ter tratado sobre possível data para o golpe com Bolsonaro.

O áudio teria sido enviado em 8 de dezembro de 2022, depois de Lula (PT) e Alckmin terem vencido a eleição contra Bolsonaro. Segundo Fernandes, ele diz ter conversado com o então presidente e que Bolsonaro teria dito que o dia 12 “não seria uma restrição”.

“Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo.”

O general ainda afirma que “ficou meditando” sobre o assunto e pede que Cid repasse a Bolsonaro alguns pontos levantados por ele.

“E aí, depois, meditando aqui em casa, eu queria que, porra, de repente você passasse para ele dois aspectos que eu levantei em relação a isso. A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso para ele.”

Dentre os aspectos pontuados por Fernandes, está a possibilidade de movimentos populares começarem a se intensificar ou “esmaecerem”.

“Das duas, uma. Ou os movimentos de manifestação na rua ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos. E a gente perde o controle. Pode acontecer de tudo. Mas podem esmaecer também”, pontuou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid -- Metrópoles
Mauro Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante todo o governo | Hugo Barreto/Metrópoles

De acordo com a PF, os áudios de Fernandes demonstrariam a proximidade do general da reserva com o então presidente da República e das tratativas acerca de tentativa golpista.

“[…] evidenciando sua proximidade com o então presidente da República e as tratavas para consumar o golpe de Estado, Mario Fernandes encaminha outra mensagem de áudio para Mauro Cid descrevendo seu encontro com Jair Bolsonaro e a sugestão para uma ação no período mais breve possível”, diz a corporação em relatório.

Fernandes era chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele chegou a ser preso preventivamente em novembro de 2024 durante a Operação Contragolpe.

Segundo as investigações, ele estaria envolvido no suposto plano para assassinar Lula, Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Fernandes, assim como Cid e Bolsonaro, foi indiciado pela PF e denunciado pela Procuradoria-Geral da República na última semana por organização criminosa e golpe de Estado.

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