Confrontos durante operação contra facção deixam 3 mortos no Rio; 8 são presos

COMPLEXOS DO ALEMÃO E DA PENHA



g1

As forças de segurança do RJ realizaram nesta quarta-feira (15) mais uma fase da Operação Torniquete — desta vez, o foco foi a “Caixinha do Comando Vermelho”, o esquema de lavagem de dinheiro e de financiamento da facção. Três suspeitos foram mortos em confronto, e 11 pessoas foram presas. Houve ainda 7 feridos, entre eles um policial do Bope.

A polícia tentava prender, ao todo, 13 alvos — um 14º procurado já tinha sido morto em uma disputa de territórios com uma facção rival. Foram 8 mandados de prisão cumpridos e 3 presos em flagrante. Cinco seguem foragidos.

Além do confronto armado, traficantes ergueram barricadas e jogaram óleo no asfalto para impedir o avanço de blindados. O repórter cinematográfico Betinho Casas Novas registrou o momento em que um Caveirão derrapa em uma ladeira no Alemão e quase atropela um morador (veja acima). Ao descer descontrolado, o veículo atingiu 3 carros e 1 moto.

Em outro ponto do complexo, PMs tiveram de usar um maçarico para abrir caminho. Um trilho de trem foi improvisado como cancela e teve de ser partido a fogo. Retroescavadeiras também foram mobilizadas.

Também houve denúncia de invasão de residências. Segundo moradores, agentes estão verificando celulares e revistando as casas sem autorização judicial.

Os alvos

1. André Mota de Souza, preso
2. Elton da Conceição, o PQD da CDD
4. Gilberto Rocha da Silva Júnior
4. Givanilda Gomes da Silva, presa
5. Jorge Pereira de Jesus, preso
6. José Luiz Lima
7. Luiz Claudio da Silva, o Sujão, morto
8. Mariana Miranda de Jesus, presa
9. Marlene Miranda de Jesus, presa
10. Ramirez Cristine da Silva dos Santos, presa
11. Roberta Guerra Aleixo, presa
12. Rosane Keller da Silva Mendes
13. Rosângela Aparecida da Silva, presa
14. Thayná Silveira de Farias

Suspeita de vazamento

Desta vez, o objetivo é desarticular o núcleo financeiro da facção criminosa. Os alvos são familiares e operadores do fundo da facção conhecido como Caixinha, cujo financiamento é alimentado por diversos crimes que impactam a população, como roubo e furto de veículos e de cargas e extorsão, além da disputa por territórios.

O principal alvo é Edgar Alves de Andrade, de 54 anos, conhecido como Doca ou Urso.

A Secretaria de Segurança apura, porém, se houve vazamento do plano da investida — ainda na noite de terça-feira (14) circulavam informes de que haveria movimentação policial logo cedo. “Mas isso não prejudicou a operação”, afirmou o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi. “Já cumprimos metade dos mandados de prisão.”

PM usa maçarico para romper barricada de trilho — Foto: Reprodução/TV Globo
PM usa maçarico para romper barricada de trilho — Foto: Reprodução/TV Globo

As investigações, conduzidas com uso de tecnologia avançada pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro, revelaram um esquema sofisticado de manipulação de valores, — foram 5 mil operações financeiras, totalizando R$ 21 milhões oriundos de atividades ilícitas.

Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e estão sendo cumpridos em Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil, Santo Cristo e no Instituto Penal Vicente Piragibe. Também há mandados sendo cumpridos nos estados da Bahia e Paraíba. Os 14 procurados também foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Quem é Doca

Segundo a polícia, Doca tem uma longa lista de crimes nas costas:

mandou matar comparsas envolvidos nas execuções de três meninos em Belford Roxo;
"condenou à morte" bandidos que executaram por engano três médicos na orla da Barra da Tijuca;
tentou sequestrar um piloto de helicóptero da polícia para resgatar presos;
* e comanda a Tropa do Urso, responsável por invasões a dezenas de comunidades.

Barricadas nos acessos às Casinhas, no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo
Barricadas nos acessos às Casinhas, no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo

Impactos

Importantes vias da região, a Estrada do Itararé, a Avenida Itaóca e a Rua Paranhos foram fechadas.

As clínicas da família Zilda Arns e Rodrigo Y Aguilar Roig acionaram o Protocolo Acesso Mais Seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento nesta quarta-feira.

O Rio Ônibus informa que 6 linhas estão com desvios de itinerário:

* 312 (Penha-Candelária)
* 621 (Penha-Saens Peña)
* 622 (Penha-Saens Peña)
* 623 (Penha-Saens Peña)
* 625 (Olaria-Saens Peña)
* 679 (Grotão-Méier)

Bandidos fazem barricadas no Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo
Bandidos fazem barricadas no Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo

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